quinta-feira, 8 de maio de 2014

Mundo, vasto mundo!


Piazza Armerina, na Sicília - Itália
Viajar sozinho não é uma coisa fácil, para homens ou mulheres: sair da rotina, enfrentar o desconhecido, a solidão de um hotel, muitas vezes a dificuldade da língua, não ter com quem compartilhar (no exato momento) uma emoção ou experiência. Para nós, mulheres, existe um problema a mais, que é a questão da segurança. Afinal, fisicamente, na grande maioria, somos mais frágeis. Mas, o que é a vida senão enfrentar desafios, superar barreiras e fazer o possível para ser feliz nesse tantinho de tempo que nos é dado viver? Então, lá vamos nós!
Em breve, o “nosso” blog mulheresqueviajamsozinhas completará 100 mil acessos. Isso quer dizer que, no mínimo, 100 mil mulheres, em todo o mundo, se viram diante da possibilidade de saírem por aí a passear, por conta própria, em todos os sentidos. Mulheres corajosas, enfrentando a resistência de pais, maridos, filhos, amigos, buscando conhecer além de seus próprios horizontes.

Não tenham dúvidas, somos (ou queremos ser) um tipo de mulher diferente. Outro dia, quando mencionei o blog ao final da minha prática de yoga, Lúcia, minha mestra, uma mulher que me parece especial, imediatamente associou o nome ao livro “Mulheres que correm com lobos”, da psicanalista e poetisa premiada americana (com descendência mexicana) Clarissa Pinkola Estés.

Através da interpretação de 19 lendas e histórias antigas, entre elas as de Barba-Azul, Patinho Feio, Sapatinhos Vermelhos e La Llorona, Clarissa procura identificar o arquétipo da “Mulher Selvagem” ou a essência da alma feminina, sua psique instintiva mais profunda. Ela propõe o resgate desse passado longínquo, como forma de atingir a verdadeira libertação. Atualmente, ela trabalha com famílias sobreviventes ao 11 de setembro, nas costas Leste e Oeste dos Estados Unidos.
Segundo a autora, "todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas."

Com muita dificuldade, pois não tenho nenhuma familiaridade com a linguagem psicanalítica e muito menos com a teoria junguiana,[i] consegui ler o livro, uma verdadeira viagem que, creio, muito ajudou nesse esforço de, literalmente, voar por esse vasto mundo


[i] Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica. Seu trabalho tem sido influente na psiquiatria e no estudo da religião, literatura e áreas afins (Wikpédia).