quarta-feira, 30 de julho de 2014

A mulher dos sete mares


 
Izabel Pimentel é a única mulher que conheço que tem a coragem de enfrentar, literalmente, o desafio de viajar sozinha. É a primeira velejadora brasileira a cruzar o Oceano Atlântico absolutamente só, ou melhor, na companhia de um animalzinho de estimação, uma gatinha. A primeira viagem, realizada em 2006, de Cascais (Portugal) a Fortaleza (Brasil), um percurso de 9.500 km., durou 42 dias e seis horas, em um barco de 21 pés (6,5 metros). Uma façanha que ela viria a repetir mais três vezes.

Formada em Economia e Informática, Isabel conheceu o mar na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Paixão à primeira vista. Por influência de um namorado, matriculou-se em uma escola de navegação e se aprofundou nas ciências náuticas. Certo dia, admirando o mar de Copacabana, prometeu-se um dia dar a volta ao mundo. E, até que finalmente pudesse começar a colocar seu sonho em prática, a jovem “ralou” muito, no Brasil e em Portugal. Simultaneamente, participou de diversas regatas, acumulando experiência, aprendendo a enfrentar os desafios propostos pela natureza, como as ondas gigantescas, ou a própria solidão, “sem celular, sem internet, sem música, apenas na companhia dos livros”. Isabel já enfrentou situações difíceis, arriscasdas, em alto mar. Nesses casos, diz ela: a palavra é AÇÃO! “A gente tem que agir, não dá nem pra rezar.”

Atualmente, julho de 2014, Izabel Pimentel encontra-se ancorada em Santo André, um minúsculo povoado no Sul da Bahia, aguardando melhores condições de navegação, melhor dizendo o término da temporada de furacões no Oceano Atlântico, para, enfim, completar a sua primeira volta ao mundo em um veleiro. Em setembro, ela inicia a última etapa da viagem, regressando à França, de onde partiu em agosto de 2012.

A ideia era realizar a volta ao mundo em solitário e sem escalas, a bordo do veleiro “Don”, de 34 pés com casco de alumínio. O percurso dessa aventura incluia contornar os cabos da Boa Esperança, Leeuwin e Horn antes de retornar ao Brasil. No entanto, Izabel acabou capotando seu barco no Oceano Pacífico, sendo obrigada a mudar seu percurso para a Ilha de Páscoa afim de poder avaliar os danos na estrutura do barco, interrompendo desta forma o objetivo de ser a primeira velejadora brasileira a realizar a volta ao mundo em solitário e sem escalas. De qualquer forma, em setembro, quando novamente se lançar ao mar, desde Santo André, rumo à França, Izabel estará prestes a se tornar a primeira mulher brasileira e sul-americana a realizar ol desafio de dar a volta ao mundo com escalas. E como ela define tal desafio? “Medo, sonhos, ousadia e amor.”