Izabel
Pimentel é a
única mulher que conheço que tem a coragem de enfrentar, literalmente, o
desafio de viajar sozinha. É a primeira velejadora brasileira a cruzar o Oceano
Atlântico absolutamente só, ou melhor, na companhia de um animalzinho de
estimação, uma gatinha. A primeira viagem, realizada em 2006, de Cascais
(Portugal) a Fortaleza (Brasil), um percurso de 9.500 km., durou 42 dias e seis
horas, em um barco de 21 pés (6,5 metros). Uma façanha que ela viria a repetir
mais três vezes.
Formada em Economia e Informática, Isabel conheceu o mar na Barra da
Tijuca, no Rio de Janeiro. Paixão à primeira vista. Por influência de um
namorado, matriculou-se em uma escola de navegação e se aprofundou nas ciências
náuticas. Certo dia, admirando o mar de Copacabana, prometeu-se um dia dar a
volta ao mundo. E, até que finalmente pudesse começar a colocar seu sonho em
prática, a jovem “ralou” muito, no Brasil e em Portugal. Simultaneamente,
participou de diversas regatas, acumulando experiência, aprendendo a enfrentar
os desafios propostos pela natureza, como as ondas gigantescas, ou a própria
solidão, “sem celular, sem internet, sem música, apenas na companhia dos livros”.
Isabel já enfrentou situações difíceis, arriscasdas, em alto mar. Nesses casos,
diz ela: a palavra é AÇÃO! “A gente tem que agir, não dá nem pra rezar.”
Atualmente, julho de 2014, Izabel Pimentel encontra-se ancorada em Santo
André, um minúsculo povoado no Sul da Bahia, aguardando melhores condições de
navegação, melhor dizendo o término da temporada de furacões no Oceano
Atlântico, para, enfim, completar a sua primeira volta ao mundo em um veleiro.
Em setembro, ela inicia a última etapa da viagem, regressando à França, de onde
partiu em agosto de 2012.
A ideia era realizar a volta ao mundo em
solitário e sem escalas, a bordo do veleiro “Don”, de 34 pés com casco
de alumínio. O percurso dessa aventura incluia contornar os cabos da Boa Esperança,
Leeuwin e Horn antes de retornar ao Brasil. No entanto,
Izabel acabou capotando seu barco no Oceano Pacífico, sendo obrigada a mudar seu
percurso para a Ilha de Páscoa afim
de poder avaliar os danos na estrutura do barco, interrompendo desta forma o
objetivo de ser a primeira velejadora brasileira a realizar a volta ao mundo em
solitário e sem escalas. De qualquer forma, em setembro, quando
novamente se lançar ao mar, desde Santo André, rumo à França, Izabel estará
prestes a se tornar a primeira mulher brasileira e sul-americana a realizar ol
desafio de dar a volta ao mundo com escalas. E como ela define tal
desafio? “Medo, sonhos, ousadia e amor.”