Recentemente, recebi o e:mail (ou melhor, vários) de uma moça
que se preparava para a primeira viagem solo. Ela estava bastante ansiosa,
certa de que esqueceria alguma coisa de que fosse precisar. De nada adiantou eu
sugerir que ela lesse o post com as
dicas para que não se esquecesse de nada, pois a viajante não se acalmava e
me perguntava: isso é normal?
Sim, isso é normal. Algumas pessoas, viajando sozinhas ou
não, costumam desenvolver o stress
pré viagem, sendo os sintomas mais frequentes o medo de esquecer alguma coisa
importante, o medo de que alguma coisa ruim aconteça com seus familiares, o
medo do avião cair, de se perder em alguma cidade desconhecida, de ser roubada,
enfim, de que alguma coisa não dê certo.
Comigo isso também acontecia até o dia em que descobri que
grande parte da minha tensão tinha origem na “culpa”, como se eu não merecesse
proporcionar a mim mesma momentos de felicidade, que eu teria que pagar um
preço por estar me divertindo e outros não. Só isso daria panos para mangas para
um terapeuta, mas eu decidi enfrentar a situação por conta própria.
A primeira coisa que fiz foi começar a “viajar” bem antes do
embarque, arrumando devagar a bagagem, lendo sobre os locais a serem viajados,
conversando e pegando dicas com pessoas que já tinham feito o mesmo roteiro que
eu pretendia fazer. Mas, o que mais acalma minha ansiedade são os aeroportos. São
neles que minha viagem solitária começa. Chego com bastante antecedência, faço
o check in com calma, percorro as
lojas (eventualmente até compro alguma coisa), faço um lanche, tomo um café,
folheio uma revista e, nesse processo, vou me desvencilhando da rotina que
estou deixando, vou me encontrando comigo mesma e, quando vejo, lá estou eu
tranquila, embarcando para qualquer lugar.