segunda-feira, 16 de maio de 2011

V - Os 11 mandamentos de uma viajante solitária

Com base no que escrevemos nos textos anteriores, selecionamos esses 11 conselhos/sugestões para que uma viajante solitária faça uma ótima viagem. 

1- Não vá para locais onde ficará muito isolada, fora de temporada (praias desertas, reservas ecológicas, cidades muito pequenas).
2- Faça um VTM (Visa Travel Money) e evite os cartões de crédito convencionais.
3- Seja bastante racional na organização da bagagem, evite excessos.
4- Faça um diário de viagem para se distrair e registrar as informações que gostaria de compartilhar quando voltar.
5- Se possível, contrate serviços de transfers para buscá-la e levá-la aos aeroportos ou estações de trem.
6- Faça uma pesquisa anterior sobre os locais que irá visitar e crie seus próprios roteiros.
7- Ande bastante a pé para sentir melhor o "clima" da cidade.
8- Cuidado com comidas exóticas ou muito condimentadas.
9- Se precisar de alguma informação na rua, peça aos idosos, pois eles em geral são muito prestativos e podem "perder tempo" com você.
10- Não saia às ruas com passaporte ou cartões de crédito na bolsa. Não informe a estranhos o hotel onde está hospedada.
11- Leve um bom livro, pois ele será uma ótima companhia.

domingo, 15 de maio de 2011

IV- Florianópolis, bela Floripa

Se você vai viajar sozinha aqui no Brasil, planeje logo uma estadia em Florianópolis, melhor dizendo, Floripa. Você irá conhecer uma bela face do País, principalmente na primavera ou verão, quando poderá desfrutar das belas praias, situadas ao Norte ou ao Sul da Ilha. Poderá comprovar, também, que um outro mundo é possível, ele existe, e está bem aqui. Espero, de coração, que a “fantástica” exposição provocada pela novela da Globo não venha interferir, negativamente, nesse paraíso.

Não tem miséria?
Calçadão da Av. Beira-mar e sua ciclovia com mais de 10 km.
Ao chegar, percorrendo o longo caminho até o hotel aonde iria me hospedar, no Centro da Cidade, fui observando atentamente a periferia, perscrutando o alto dos morros e me perguntando: onde estão os pobres? Será que “maquiaram” a Cidade? Nada de favelas, nada de barracos encarrapitados uns sobre os outros, nada de esgotos a céu aberto. E assim foi, durante a minha curta temporada (seis dias): nenhuma manifestação explícita de miséria, pessoas pedindo esmolas, dormindo nas ruas, chafurdando o lixo, meninos de rua, bêbados, drogados ou prostituição. Da mesma forma, não percebi nenhum policiamento ostensivo nas ruas ou no trânsito. Não vi nenhum indício de desemprego, como camelôs, vendedores ambulantes. O ruído estridente e constante das sirenes da polícia ou das ambulâncias, também indicadores de violência, raramente nos importuna.
É uma cidade onde as pessoas ainda pedem (e recebem) carona, com segurança.

Pessoas cordiais e educadas
O que encontrei nessa cidade (limpíssima), com pouco mais de 400 mil habitantes, a capital brasileira com o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH), da ordem de 0,875, foi uma população bonita, absolutamente cordial e educada, bastante orgulhosa dessa posição. José, um dos garçons do hotel onde eu estava hospedada, por exemplo, respondeu com precisão à minha constatação de que não havia meninas se prostituindo no calçadão de mais de 10 quilômetros da linda avenida Beira-mar, como se evidencia em outras capitais, do Nordeste, sobretudo. “Aqui o Conselho Tutelar atua, senhora”. Já um motorista de táxi explica que a população mais pobre sobrevive da pesca abundante, principalmente de frutos do mar e, mais recentemente, das “fazendas de ostras”. Fica aí a dica para a preferência gastronômica.
Em várias áreas há falta mão-de-obra, como na construção civil, e as empreiteiras estão recrutando-a em outros estados. O taxista, no entanto, mostra sua preocupação com os primeiros casos de crack que estão começando a surgir.  Sei, também, por um livro que relata os costumes em Floripa,[1] que, historicamente, pelo menos até os anos 1960[2],  havia uma forte segregação racial, quase mesmo um apartheid. Não posso afirmar, pelo menos não percebi nenhuma manifestação nesse sentido, se isso ainda acontece. É evidente, contudo, que a população negra ou parda é bem menor.
Imperdíveis
Florianópolis possui uma rede hoteleira ampla, com hotéis de várias categorias, cujos preços são inferiores aos do Rio de Janeiro e de algumas das capitais do Nordeste. Possui muitas opções de pousadas, sobretudo na linda Lagoa da Conceição, cerca de 14 quilômetros distante do Centro, próxima das praias Joaquina (preferida pelos surfistas) ou Mole, para quem curte um mar mais calmo.
Na Lagoa, se você gosta de boa música, blues e jazz, principalmente, não deixe de fazer um happy hour no Sintonia – música e café. A dona de lá é uma DJ e consultora musical que irá lhe “aplicar” raridades incríveis[3]. Durante o dia, poderá caminhar pelas ruas e admirar o trabalho das rendeiras.
Caso esteja hospedada no Centro, para evitar os R$30,00 do táxi até a Lagoa, dê preferência aos ônibus executivos, que circulam de hora em hora, são confortáveis e só se paga R$5,00. E, na avenida Beira mar[4], dê preferência ao chope gelado do Buteco da Ilha[5].  Nessa mesma avenida, existe um trapiche de onde saem passeios de barco a preços razoáveis.
A Praça XV, com o Palácio Souza e Cruz, visita obrigatória
Finalmente, reserve um bom tempo para visitar, tranqüilamente, o centro histórico de Floripa, a começar pela Praça XV de Novembro, onde estão situados o belíssimo Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Souza e Cruz -  e a Catedral. Daí, seguir para o prédio da antiga alfândega, onde está localizado um centro de artesanato e, nas proximidades, o mercado municipal, com dezenas de quiosques que abrigam bares e restaurantes cuja especialidade são os frutos do mar.
E:mail  gnogueirabh@yahoo.com.br

[1] MEDEIROS, Ricardo. No tempo da sessão das moças. Insular, 2ª ed., 2010. Florianópolis (SC).
[2] De acordo com os dados do censo demográfico de 1960, apenas 10% da população era formada por pretos e pardos, descendentes de escravos que se instalaram na Capital catarinense no século XVIII.
[3] Eu fui “aplicada” nas cantoras Bia Krieger (se pronuncia Biá), Eliane Elias e Ana Krüger.
[4] A avenida Beira-mar Norte, com sua ciclovia e os modernos arranha-ceús, foi edificada sobre os aterros da baía Norte.
[5] Eles possuem filiais na Lagoa da Conceição e na praia Jurerê Internacional, onde muitas externas da novela da Globo foram gravadas.

domingo, 1 de maio de 2011

I- Só e muito bem acompanhada

um guia bem prático para a mulher que vai viajar sozinha,
um espaço para partilhar dicas e experiências
      
Os primeiros passos 
           Antes mesmo de começar a sonhar com a viagem, dê uma checada nas finanças, pois, viajar só fica um pouco mais caro do que viajar acompanhada, sobretudo por causa das despesas com hospedagem, táxis e refeições. Aqui, nesse último caso, uma primeira dica que vale para qualquer lugar do mundo, em qualquer restaurante: se não conseguir tomar uma garrafa de vinho toda, não se envergonhe, peça ao garçom para acondicionar o restante e leve-o com você para o hotel.
O ideal é que este planejamento comece com uns dois meses de antecedência, no mínimo, com você já raciocinando em dólar ou euro, caso faça a opção de viajar para o exterior. Se for viajar em períodos de alta estação, esse planejamento deve começar mais cedo. Mas, antes, faça uma espécie de checkup médico, incluindo uma ida ao dentista, para se certificar de que está tudo bem com a saúde. É sempre melhor se prevenir.

No exterior
Se você está sozinha, a melhor opção é mesmo viajar para o exterior, principalmente para a Europa, onde é sempre possível encontrar outras mulheres na mesma situação, com a possibilidade, até, de se estabelecer uma amizade momentânea. Conheci uma paulista em uma pousada em Veneza, uma argentina em um trem indo de Barcelona para Milão, uma peruana em um city tour em Roma e, recentemente, uma tailandesa em Madri. Isso é muito bom, pois, além da troca de experiências, alivia um pouco uma eventual sensação de solidão. Os homens raramente viajam sozinhos, a não ser a negócios ou estudo.
No mais, compre um dicionário de bolso com a língua do país que irá visitar (daqueles que já possuem uma série de frases prontas para você se virar melhor no táxi, nos restaurantes e lojas), e dê uma reforçada no inglês, tomando algumas aulas de conversação. Isso vai ajudar muito na comunicação.
Compre também um caderno ou agenda para anotar todos os detalhes dessa inesquecível experiência, caso você não possua um daqueles aparelhinhos eletrônicos "smarts", modernos e minúsculos, que só faltam falar (será?). Faça uma espécie de “diário de bordo” para não esquecer nada do que viu ou vivenciou. Quando voltar, terá muitas histórias para contar.
Uma sugestão é começar por Portugal que é um país lindo, onde a gente está sempre esbarrando com a nossa própria história, raízes e cultura. Estar na Europa, falando português, é tudo de bom! E é uma boa oportunidade para ir adquirindo segurança para seguir viagem para um outro país, de preferência em um daqueles românticos (e atualmente caros) trens noturnos (é possível comprar as passagens aqui mesmo do Brasil). Uma dica é ir pela TAP, no vôo direto que sai de BH. A passagem lhe dá direito a um trecho interno, para qualquer outra localidade na Europa. Como a TAM é parceira da TAP, os trechos contam pontos no cartão Fidelidade.

Opções
Se estiver sozinha, evite as praias muito isoladas
Mas, se sua opção é viajar pelo Brasil, fora de temporada, fuja das praias paradisíacas e isoladas das pequenas cidades, porque, mesmo se estiver em um resort, o risco de ficar realmente isolada é grande. No segundo dia já estará querendo voltar. Além do mais, caminhar sozinha por uma praia deserta, nos dias atuais, não é nem um pouco recomendável. É muito romântico para casais em lua de mel.
Um outro senão, se ficar muito isolada, é que você não vai se desligar. Na falta do que fazer, ficará telefonando para casa e para os amigos, até para o trabalho, vai consumir um bom tempo na Internet, enfim, não vale a pena. Se o seu caso for mesmo ir para o litoral, dê preferência para as capitais, mas, antes, se certifique sobre as condições do tempo na região a ser visitada. Entre maio e julho, por exemplo, costuma chover bastante no Nordeste. No Sul chove e faz muito frio.

E:mail gnogueirabh@yahoo.com.br

III- arrumando as malas

Tudo decidido, para as mulheres começa a pior parte: arrumar as malas. Escolher o que levar e o que não levar: quantos cintos, quantos sapatos, quantas bolsas. Roupas de verão, outono e inverno (calor, meia estação e frio) e até chapéu. Nessa hora, é bom lembrar que não haverá ninguém para ajudá-la a carregar a bagagem. Então, é necessário um dificílimo planejamento para evitar os excessos.
A sugestão é que viaje com uma mala pequena, uma mochila de lona, além de uma bolsa a tiracolo, de uma cor que combine com a maioria das roupas que serão levadas. Coloque na mochila os sapatos, uma outra bolsa esportiva alternativa à que irá usar durante a viagem (de preferência de pano ou lona, pois ão mais leves), e uma bolsa pequena para noite. Se pretende levar botas, use-as durante o vôo para que não ocupem espaço na mochila.

Pretinho básico
O próximo passo, então, é selecionar as roupas que combinem com os sapatos e bolsas escolhidos. Anote, exatamente, todas as diferentes composições possíveis, de forma que a roupa usada durante a noite possa ser usada também na manhã do dia seguinte, com a substituição de alguma peça, acessório ou bijuteria. Essa forma de organizar as roupas, dia por dia, é ótima, pois a gente já acorda programada, sabendo exatamente o que irá vestir. Algumas peças funcionam, realmente, como um coringa: servem para qualquer situação.
Echarpes e chales são leves, ocupam pouco espaço, e permitem variar bem o visual. Da mesma forma os fuseaus (fusôs), além das blusas “segunda pele” que quebram o maior galho, caso faça frio. Para uma noite especial, aquele indefectível e versátil pretinho básico que combina com tudo. Se for levar algum chapéu, aninhe-o entre as roupas, sustentando a aba por baixo com rolinhos de roupas de malha e encha a copa com as meias e calcinhas para que não deforme. Os de palha sempre estão na moda e são bem charmosos. E se durante a viagem acontecer alguma situação inesperada, como uma queda muito forte de temperatura ou chuva torrencial, aproveite, onde estiver, para comprar um belo casaco, uma linda capa de chuva, ou mesmo uma simples sombrinha.

Racionalidade
A racionalidade na escolha das roupas é importante, pois, na sua pequena mala, você terá que levar, também, todos os cosméticos, produtos de maquiagem, pasta de dentes, perfume, shampoo, condicionador, além de algum medicamento que você costuma tomar. As normas de segurança nos aeroportos não permitem que tais produtos sejam levados na bagagem de mão. Portanto, evite as embalagens muito grandes ou coloque os seus conteúdos em pequenos frascos. Esqueça o secador ou a chapinha: se o cabelo for comprido, mantenha-o preso; caso contrário, faça um corte moderno e deixe-o ao natural. Dessa forma, sobrará espaço na mala para um ferro de passar roupas portátil, o que resulta em uma boa economia com camareiras.
Na volta para casa, quando geralmente estamos mais carregadas com as compras, uma boa alternativa é pedir no aeroporto que embalem a mala e a mochila juntas, acoplando-as com o plástico protetor e despachar pelo bagageiro do avião. Você irá, literalmente, tirar um peso de suas costas.
É minha intenção publicar algumas sugestões de bagagens, de acordo com o local a ser visitado e a duração da viagem.

E:mail gnogueirabh@yahoo.com.br

II- Escolha uma boa agência

Hoje em dia é possível resolver tudo pela Internet, desde a compra de passagens, as reservas em hotéis, a contratação de transfers etc. Isso é ótimo, mas, no caso das mulheres que estão viajando sozinhas, é bom delegar essas tarefas para uma agência de turismo confiável, pois, qualquer problema ou imprevisto que surgir, você terá a quem recorrer (e reclamar). Eles também vão sugerir hospedagens cujas referências já foram dadas por outros clientes. Em alguns países no exterior, é bem provável que consigam localizar hotéis nos quais se fala português (em Paris, existem pelo menos uns dois). E fique atenta para que esses hotéis estejam sempre localizados próximos aos centros históricos. Nada de se hospedar em bom hotel, mas na periferia, fora de mão.
Um expediente que custa caro, mas que nos dá muita tranquilidade, é contratar, por meio da agência que está lhe atendendo, os serviços de traslado para os hotéis e para os aeroportos (transfers), sobretudo quando você não domina muito bem a língua local para se fazer entender pelos motoristas de táxis. É muito bom chegar a um lugar e ter alguém nos esperando, ou alguém para carregar nossas malas e nos e levar ao aeroporto, na hora certa. Algumas agências costumam, também, fazer contato com brasileiros que moram fora (sobretudo nos Estados Unidos) e que ganham a vida acompanhando os turistas aos passeios ou às compras.
Finalmente, faça um VTM (Visa Travel Money), um cartão pré pago para compras, restaurantes ou saques, que hoje substitui, com mais segurança, os antigos travel checks. Além de ser bem prático, uma das vantagens é que sobre os gastos com compras, ao contrário dos cartões de crédito convencionais, não incide nenhuma taxa.

E:mail  gnogueirabh@yahoo.com.br